Porque os filhos de alguns de nós (ou até nós mesmos, para os que estão na faixa dos 30 anos) temos tanta vontade de ter um Gol GTI, ou um Escort Conversível 1990 (esse já tem o motor AP, hehe) e porque os ex-adolescentes do começo dos anos 90 ficam tão fissurados pela Yamaha V-max? Porque esse gosto? Não deveriam gostar de Belair 1957, Ford pick-up F1? Será que esse pessoal gosta menos do antigomobilismo do que os sexagenários colecionadores que nutrem maior interesse pelos modelos pré-guerra?

A responsável por essa diferença é a tal da saudade. Todos nós temos saudades diferentes. É um sentimento onde o coração mostra o local que ele gostaria de estar. Aos nossos pioneiros colecionadores que sempre têm tempo para contar estórias de como era subir uma ladeira com um Ford T, onde o fato da subida ser íngrime fazia os simpáticos carrinhos sofrerem nas ruas, pois o tanque de gasolina ficava em baixo do banco traseiro e não havia bomba para puxar o combustível, logo, ladeira acima, a posição do motor era superior à do tanque. A solução? Exato, vamos subir de ré!
Quem, que já coleciona meio século de vida não tem uma história com algum Citroen preto de algum tio, ou de um Ford da década de 30 que não podia nem ver uma poça d'água que o distribuidor tipo "escafandro" fazia exatamente o que um escafandro de verdade não poderia fazer, entrava água?

É claro que não existe uma regra para que cada idade goste de um estilo específico de carros. Mas existe uma tendência da maioria. Os antigomobilistas que têm mais de 40 anos procuram mais Mustang e Maverick do que Ford modelo A. O Chevrolet Opala SS, por exemplo, não é o preferido de 90% dos que têm mais de 60 anos. Por quê? Ela novamente, a saudade. Quem nasceu nos anos 50, viu o Opala ser lançado quando já era adolescente e foi ter contato com o carro já depois dos 20 anos. Convenhamos, quem aqui tem saudade de algum carro que conheceu depois dos 25 anos? Se houver alguém (que até acredito que exista) parabéns, pois você faz parte dos apenas 10% das estatísticas empiristas.

Nessa tendência de preferência, é mais fácil agora entender porque os colecionadores, na faixa dos 45 anos, não vêem graça alguma no VW Santana 1985 e os antigomobilistas de 35 anos não querem nem saber de Ford Fiesta 1995 ou aquele Chevrolet Astra SW "Belga" que já não se vê tão fácil por aí.

Quem tem idade para lembrar de determinados carros aos montes pelas ruas certamente não terá nutrido sequer um mínimo de interesse sobre os mesmos, não há espaço para eles em nosso cômodo passional da saudade, mas haverá para nossos filhos. Essa é a linha evolutiva de nosso antigomobilismo.

Aliás, para quem chegou a pensar que nossos carros dos anos 20 e 30 estarão com os dias contados, por conseqüência da falta de "saudade" das futuras gerações a qual este texto sugere, aqui vai uma luz, ainda bem que temos a vaidade para combater a falta da saudade. A mesma vaidade que algumas vezes chega a destruir clubes inteiros de carros antigos ainda, de certa forma, colabora para que esses carros mais antigos ainda sobrevivam a essa linha evolutiva.

Imaginem se todos os rádios de nossos carros antigos tivessem o poder divino de tocar as músicas que tocavam na época de novos? Dá para pensar em maior nostalgia? Seria menos chato até mesmo para ficar preso no trânsito.

É pela saudade que estamos aqui. Foi por causa dela que fizemos tantos amigos nesse meio do antigomobilismo, ela que nos faz chegar em casa no domingo depois de um evento e já pensar no outro final de semana, outro evento de carros antigos, afim de encontrar os mesmos amigos que acabamos de nos despedir e já estamos com saudade!!!

Foi, totalmente, por causa da saudade que voltei a escrever para os clubes de carros antigos e também por ela que o leitor está recebendo esta edição. Finalmente, é pela mesma e inseparável saudade que eu dedico esta primeira edição em memória ao saudoso casal antigomobilista da cidade de Pontal-SP, Solimar e Marcos Bazan, que sabiam como poucos manter o lado bom do antigomobilismo sempre aceso, fazendo com que cada final de semana, onde quer que fosse o próximo evento, sempre valesse a pena pegar a estrada para matar a saudade e ver os amigos. Ao Marcão e a Sol, obrigado pelo que fizeram e espero que o céu nesteja mais feliz com o antigomobilismo que estão inserindo por aí.

* Por Tiago Songa


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